A primeira exposição de fotografia da nossa Fundação
- Um dos mais importantes fotógrafos contemporâneos, Nicholas Nixon, expõe em Portugal pela primeira vez.
- A coleção da Fundación MAPFRE está em exposição no Centro Cultural de Cascais até 16 de novembro de 2025. O autor esteve presente na inauguração daquela que é a sua primeira grande retrospetiva.
Conhecido pelos seus comoventes retratos a preto e branco, Nicholas Nixon (Detroit, EUA, 1947) ocupa um lugar proeminente na história da fotografia contemporânea. A exposição no Centro Cultural de Cascais é organizada a partir da Coleção Fundación MAPFRE. Desta forma, esta é a primeira grande retrospetiva da obra do fotógrafo norte-americano em Portugal e a maior alguma vez realizada a nível mundial. É, igualmente, a primeira vez que a extraordinária série “As Irmãs Brown” é exposta na íntegra.
Com mais de 200 fotografias tiradas entre 1974 e 2022, a exposição é comissariada por Carlos Gollonet, curador-chefe da Coleção Fundación MAPFRE. Desta forma, as fotografias são apresentadas cronologicamente, agrupadas em núcleos temáticos. Nesse sentido, vão das frias fotografias urbanas do início da sua carreira aos retratos das irmãs Brown. Sem dúvida, uma das mais tocantes reflexões sobre a passagem do tempo na história da fotografia.
Retratos em destaque
Com efeito, as “As Irmãs Brown” estão em destaque nesta exposição. Ou seja, 48 retratos captados anualmente entre 1975 e 2022, simbolizam a passagem do tempo. E, além disso, mostram a ligação entre a objetividade documental e a emoção pessoal. Ano após ano, vemos o correr do tempo nos rostos das irmãs, mudanças físicas, mas, se observarmos atentamente, também psicológicas.
Principalmente, Nixon é conhecido pelas suas fotografias em grande formato, que exigem proximidade e cooperação dos retratados. Com o objetivo de explorar temas como amor, sofrimento, memória e finitude, sem estereótipos, enfatizando a conexão emocional.
Várias séries de renome
Para além das séries urbanas de Boston e Nova Iorque, a exposição inclui retratos como “Idosos” e “Pessoas com Sida”, assim como imagens da sua própria família. Em resumo, são trabalhos que capturam a intensidade emocional e física das relações humanas.
Na série “Idosos” (1984), Nixon fotografa pessoas que conhece em lares e hospitais que visita como voluntário. Desta forma, passa a existir uma relação nova entre o fotógrafo e os retratados, de maior proximidade. Em suma, esta relação vai refletir-se na forma como aborda o tema do fim da vida e fotografa. Ou seja, tira close-ups, detalhes de mãos ou rostos exaustos que guardam uma vida inteira.
O próximo projeto que Nixon desenvolve é uma continuidade da série anterior, porque também reflete a finitude da vida. É o exenplo da série “Pessoas com SIDA” (1988-1991), mais tarde publicada num livro que também inclui a transcrição de conversas e cartas feitas pela sua esposa Bebe Brown. O artista fotografou quinze pessoas, retratando com sensibilidade o implacável progresso da doença. Isto é, reflete uma época em que esta doença desconhecida abriu um fosso entre os doentes e a sociedade, cheia de preconceitos e medos.
Um fotógrafo da vida
Da mesma forma outros projetos incluem “Alpendres” (1977-1982), uma série que reflete a transição entre espaço público e privado. E também “Casais” (2000), uma série que fala sobre as relações humanas mais íntimas, incluindo a própria família.
Além disso, a exposição apresenta ainda os primeiros trabalhos do fotógrafo, como as imagens urbanas captadas em Albuquerque, Novo México e as séries “Vistas de Boston e Nova Iorque” (1974-1975). Foram estes trabalhos que o lançaram no panorama artístico internacional, com retratos urbanos.
Do mesmo modo, nos anos 2000, Nixon regressou às paisagens urbanas, mas continuou a explorar o retrato humano na última década. Dessa forma aprofundou o tema da vulnerabilidade, fragilidade e resiliência do ser humano.
Nicholas Nixon, um dos mais importantes fotógrafos contemporâneos
Em resumo, Nicholas Nixon, nascido em Detroit, em 1947, estudou Literatura Americana na Michigan University e Fotografia na University of New Mexico. Trabalha desde os anos de 1970 como fotógrafo independente. Foi também professor de fotografia no Massachusetts College of Art and Design. Adicionalmente, as suas obras foram exibidas em algumas das instituições mais importantes do mundo. Ou seja, o Art Institute of Chicago, o MoMA de Nova Iorque, o Musée d’Art Moderne de Paris, o CO/Berlin. E ainda na sede da Fundación MAPFRE, em Madrid.